Está estabelecido que a adoção de determinadas práticas e manejos relacionados ao rebanho e áreas agrícolas podem contribuir positivamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Essas práticas estão relacionadas à manipulação da fermentação entérica dos bovinos e ao aumento da eficiência de produção, como uso de aditivos, fornecimento de pasto de qualidade e com a quantidade necessária para que o animal desempenhe todo o seu potencial de produção, adoção de sistemas que visem utilização de ração, e possam encurtar o tempo de vida do animal no sistema produtivo, melhoramento genético do rebanho, aumento da eficiência de reprodução, bem-estar, gestão eficiente da propriedade, entre outros.
O solo é considerado um sumidouro de carbono, por essa razão, seu uso eficiente e a adoção de práticas de manejo que visem a melhoria das condições das pastagens, além da utilização de sistemas integrados, pode contribuir com a remoção de grande parte ou o total de carbono liberado para o meio ambiente, resultante das atividades desenvolvidas pela fazenda. Muitos produtores já entenderam a necessidade de assumir práticas agropecuárias que visam o aumento da sustentabilidade no sistema de produção. Tais práticas refletem em aumento da produtividade e retorno financeiro positivo do ponto de vista econômico.
Devido à relevância desse tema, a Exagro buscou conhecimento para entender como as práticas agropecuárias impactam nas emissões e/ou remoções de gases de efeito estufa (GEE). O objetivo é levantar e entender os processos e ações que possam auxiliar as fazendas a realizarem ações que permitam aumentar a produtividade sem causar impacto negativo ao meio ambiente. Além disso, buscamos identificar determinados indicadores de sustentabilidade, que juntamente com a análise econômica do sistema de produção, possam contribuir para tomadas de decisões para os nossos clientes e encorajar outras fazendas que estão interessadas em ser cada vez mais sustentáveis.
Para levar informação aos produtores sobre a relevância de tal temática, além das vantagens em aderir práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, estamos no propósito de analisar quais ganhos comerciais ou benefícios podem ser alcançados por fazendas que têm seus resultados mensurados sob a ótica da sustentabilidade.
PRIMEIROS PASSOS
O projeto CarbonoComCiência foi iniciado em 2020, ano em que houve a contextualização da temática, identificação de insights, pesquisa de campo e execução do projeto-piloto. Após essas atividades, foi apresentada a proposta do projeto aos nossos consultores, que transmitiram as informações aos clientes da Exagro.
Em 2021, foi possível realizar o balanço de CO₂e de 23 fazendas atendidas pela Exagro. Para essa análise, contamos com o auxílio da ferramenta GHG Protocol Agricultura, desenvolvida pelo World Resources Institute (WRI), em parceria com a Embrapa e a Unicamp, que visa entender, quantificar e gerenciar as emissões de GEE resultantes das atividades agropecuárias executadas ao longo dos anos. Essa ferramenta é compatível com os métodos de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), utiliza parâmetros de agricultura e pecuária desenvolvidos pela Embrapa e Unicamp, que são compatíveis com a realidade do Brasil.
A partir dos dados obtidos das fazendas participantes no primeiro ano de execução do projeto, foi possível a análise de 51,9 mil hectares de pastagem, 5,7 mil hectares destinados a sistemas integrados (integração lavoura-pecuária ou integração lavoura-pecuária-floresta) e 84,6 mil cabeças de gado. A localização das fazendas abrangeu diferentes sistemas de produção e diferentes biomas: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Essas informações possibilitaram a geração de um vasto banco de dados que contribuiu para o levantamento dos principais desafios na execução do projeto.
Toda a metodologia utilizada, assim como os resultados das análises e os desafios encontrados foram compartilhados em formato de relatório, disponibilizados a todos os proprietários e consultores responsáveis pelas fazendas participantes do projeto. Dessa forma, reforçamos a transparência do compartilhamento de todo o trabalho executado com nossos clientes e reforçamos as iniciativas do projeto.
ONDE ESTAMOS AGORA
Neste ano (2022), contamos com a participação de 26 fazendas, que apresentam sistemas de produção de Ciclo Completo, Cria, Recria e Engorda. Atualmente, os dados estão em fase de análise.
As fazendas participantes do projeto esse ano abrangem os estados de: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rondônia e São Paulo. Os biomas nos quais essas fazendas estão inseridas abrangem: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Avançamos no levantamento de indicadores que podem conectar informações referentes aos pilares econômico e ambiental, ser de grande valia para diagnóstico e entendimento de tomadas de decisões do ponto de vista sustentáveis. Outro avanço ocorrido foi no aperfeiçoamento da metodologia de obtenção de dados utilizados para análise das fazendas participantes do projeto.
Na certeza de que estamos progredindo no processo de aprendizagem e refinamento das análises, estamos trabalhando em inovações que auxiliem os cálculos para possibilitar que mais fazendas possam aderir ao projeto.